DouroNews-2020
Aproveitando a viagem de Fernando Pessoa, uma figura
incontornável da literatura portuguesa, à região do Douro, entrevistámo-lo, na
Quinta da Pacheca, Hotel de Turismo Rural, onde ficou hospedado com a sua amada
Ofélia.
DNews: Sabemos da sua permanência aqui há
já 3 dias, tendo visitado uma série de pontos de interesse da região. O que
está a achar da viagem até aqui?
F.P: “Invejo a sorte que é tua”. É de facto um local
absolutamente extraordinário. Não me importava de prolongar a visita.
DNews: Estou a ver que até numa entrevista
não deixa a sua vertente poética de fora.
F.P: Humm humm. “Enfim não há diferença”. O meu “eu”
coincide com o meu “eu” poeta.
DNews: Não posso deixar de insistir, dos
locais que visitou, quais, na sua opinião, merecem destaque?
F.P: Bem, essa é uma pergunta complicada. Existem muitos
locais que merecem ser mencionados. Para começar, a própria Estação de
Comboios; depois a Casa do Douro. O Cais tem uma vista privilegiada sobre o
Douro e a vinha; O Museu do Douro tem uma arquitetura inovadora e exposições de
grande interesse e muitos outros locais…
DNews: E o que pensa da Biblioteca
Municipal?
F.P: A Biblioteca Municipal tem a particularidade de ser um
edifício antigo e bonito que foi restaurado. Possui uma vasta coleção de livros
e vários espaços nos quais se pode disfrutar de uma boa leitura com um cálice
de Vinho do Porto, seria o «flagrante deleite».
DNews: Mudando de assunto, comparando com a
sociedade da sua época, o que lhe parece a atual?
F.P: A nível político, a situação melhorou bastante, desde
o 25 de abril de 1974. Em termos económicos, apesar de tudo, vive-se com
menores dificuldades.
DNews: A grande maioria já perdeu a
esperança no retorno à estabilidade. Ainda se mantém na expectativa da vinda de
D. Sebastião?
F.P: “Quanto mais ao povo a alma falta, mais a minha alma
atlântica se exalta.” Acredito piamente no fim da crise. Aliás todas as crises
têm um aspeto positivo… acabam sempre!
DNews: E em relação à tecnologia?
F.P: A tecnologia sofreu uma grande evolução, com a
possibilidade de estabelecer contacto a grandes distâncias, nomeadamente
através da Internet. A minha página do Facebook é um sucesso, com milhares de
subscrições. Também no Twitter tenho muitos seguidores que seguem com
expectativa o lançamento de muitas obras inéditas saídas do meu baú.
DNews: O que pensa fazer quando voltar a
Lisboa?
F.P: Relatar a minha viagem ao Ricardo Reis, convencê-lo
a aproveitar a «aurea mediocritas» duriense em profunda ataraxia, como ele
gosta.
DNews: O ideal seria trazer toda a
constelação pessoana até ao Douro, seria um prazer recebê-los numa região que é
Património Mundial da Humanidade.
F.P: Muito obrigado pelo convite. Tentarei regressar num
futuro próximo.